terça-feira, 29 de outubro de 2013

Legislação bíblica e os ensinamentos da História - Parte 2

TEOLOGIA DE MOISÉS - A simplicidade destes estudos tem finalidade. Quero alcançar leitores comuns e iniciantes da Bíblia Sagrada. Bem, Moisés tendo vivido na casa do faraó, preparado para suceder o rei do Egito, aprofundou-se em todas as ciências e sistemas religiosos também dos países ao redor do seu país. O que Moisés viu no sistema religioso dos povos constituídos e impérios estabelecidos ao redor do Egito?
1) Eles criavam seus próprios deuses e davam sua representação através de materiais visíveis e preciosos, dando-lhes templos e rituais, conforme ditavam suas mentes;
2) Os deuses destes povos possuíam representação humana, de animais conhecidos na época ou uma mistura destes; Apenas um exemplo, os deuses do Egito para os quais as dez pragas foram direcionadas. Eu deixo que os leitores e estudiosos procurem os livros didáticos de História Antiga para a catalogação dos deuses principais e mais conhecidos;
3) Estabeleceram o tipo de adoração que fariam aos seus próprios deuses, seus sacerdotes elaboraram a forma de cultuar tais divindades. Os cultos destes deuses deveriam ser com muita festa, bailes;
4) Como parte do "sacrifício" os povos ao redor do Egito, os próprios deuses do Egito, exigiam cultos com práticas sexuais (fertilidade) e sacrifícios de animais e de seres humanos, especialmente crianças, como na Assíria e na Caldéia.

Como Moisés elaborou a teologia dos hebreus para tirá-los do Egito?
1. Disse aos hebreus que havia um "Deus" que não fora criado pelos homens, pelo contrário, fora o Criador dos homens. Este Deus tinha um nome próprio que Ele próprio escolhera, consequentemente, estranho às nominações dadas pelos povos vizinhos, cujo costume os hebreus jamais deveriam ousar imitar. Êxodo 3.14.

2. Este Deus não era múltiplo. Era único, uma única Pessoa. Um Deus que não ficaria imóvel num altar físico, mas que falava, pensava, portava sentimentos, amava, odiava, se vingava e amava os que lhe eram fiéis e praticavam boas obras. Era o monoteísmo à moda dos hebreus. Este Deus já vinha construindo sua linhagem ao longo da História, escolhendo homens e líderes tribais, sempre ligados às origens do povo hebreu, como Adão, Seth, Noé, Abraão e finalmente, seu profeta maior, que codificou as leis e revelações desse Deus, Moisés.
Todo o deus que viesse de outros povos seria falso, porque coube aos hebreus preservar e portar a fé e o testemunho desse único Deus que era Eterno, Criador, Santo, Pessoal e Espiritual ("Deus é espírito, João 4.24). Moisés à frente estabeleceria nos seus primeiros cinco livros as diferenciações deste Deus com os deuses variados dos outros povos.

3. Diferente do demais deuses, considerados falsos e não deuses de verdade, o Deus dos hebreus exigia extremo rigor e ritualidade nos seus cultos. Nenhuma nota poderia soar fora da harmonia no culto deste Deus, devendo haver o princípio do temor, do medo, da ordem e da decência (1 Coríntios 14.33, 34), na prática, sem algazarras, sem musicas promíscuas, sem práticas sexuais. Vejam as regras para as celebrações nos templos, principalmente, como escreve Esdras e Neemias.

4. Os deuses dos povos podiam ser adorados em qualquer lugar. Nos cultos das regiões próximas, além do culto da divindade local (o Deus dos hebreus era universal), podiam venerar e consultar os seus mortos, recebendo deles orientações espirituais. Moisés, prevendo sua autoridade abalada por qualquer uma destas possíveis revelações, determina que o culto só deva ser feito com a presença do sumo-sacerdote e vetando as comunicações com os mortos.

Vale uma nota importante. O Cristianismo em seu contato com a filosofia grega e a cultura romana, não manteve o monoteísmo hebreu. Casou-o com os deuses destas culturas gerando o trinitarianismo, sinônimo de ortodoxia em muitos cantos.

[Este estudo segue aos poucos para não ser enfadonho. Mas está aberto à críticas e a sugestões].






segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Legislação bíblica e os ensinamentos da História - 1ª parte

A maioria dos mandamentos e tradições do Antigo Testamento tem explicações históricas. Estas lançam luzes e melhoram a compreensão da finitude de determinadas leis e ordenanças ou de costumes morais apropriados a situação e a época.
Quando Moisés reúne o povo judeu em torno de uma liderança quando as famílias ainda moravam no Edito, a humanidade só conhecia alguns impérios, Assírio (não confundir com Síria), Babilônico, Caldeu e Egípcio. Os judeus e os cananeus (habitantes primitivos de Canaã, chamada na Bíblia de terra prometida) eram famílias que estavam reunidas em torno de lideranças tribais, não eram nações constituídas, não possuíam território definido por fronteiras. Eram nômades (sem lugar fixo).
Por necessidade de sobrevivência das famílias, o grupo foi parar na África (Egito dos faraós) e como a política de governo dos diferentes faraós, como de nossos atuais governantes, diferiam, os hebreus enfrentaram momentos bons e momentos ruins (como nos dias que José foi ministro do faraó ou quando Moisés retirou o povo pelo deserto).
Moisés não foi um líder qualquer, mero profeta, juiz tribal comum e nem mesmo a espiritualidade foi sua única e mais importante qualidade:
1. Foi criado na corte, isto é, no Palácio do Faraó, com as lideranças políticas, científicas e religiosas do Egito;
2. O Egito era a potência cultural, educacional, militar e econômica da época. O país era um grande centro de resistência negra no mundo conhecido e atacado pelos povos arianos ao norte da África. No Egito, Moisés recebeu a melhor educação, foi preparado para ser o futuro rei do Egito, conviveu com cientistas, matemáticos, físicos, astrólogos, astrônomos, arquitetos, sacerdotes, escravos diversos e estrategistas de guerra.
Moisés usou todos esses conhecimentos para a retirada dos hebreus do Egito, inclusive os religiosos. Isso fica evidente na própria leitura do Antigo Testamento.

MOISÉS PREPARA A MENTALIDADE DOS HEBREUS
Quando a Bíblia, que é um documento histórico, afirma que Moisés era homem fraco na arte de comunicar, está se referindo ao problema que teve que enfrentar para construir um discurso que unisse uma população tão dispersa, tão sem unidade, sem destino. Como Moisés enfrenta esta dificuldade?
Ele, pesquisando, selecionando e reunindo as tradições de povos vizinhos do Egito, construiu uma história sagrada exclusiva dos hebreus. Como registrou essa história? Ele vai elaborando uma história da humanidade, do mundo, da criação, que estabelece, num andar para trás, um elo genealógico que leva a criação dos judeus ao próprio Deus. Assim, os judeus vieram de Jacób, que veio de Abraham, que veio de Sete, que veio de Adão e Eva, criados por Deus. Por isso, os judeus não deveriam ter medo de perder a guerra, ousar a buscar a liberdade, porque tendo sua origem divina, não haveria quem os vencesse.
O monoteísmo, a crença que existe um único deus, já era conhecida pelos egípcios e alguns povos. Moisés então, faz uma inovação. Tendo um único deus ou adorando várias divindades, os povos ao redor do Egito, estes povos construíam seus próprios deuses, fundindo-os com ouro ou estanho. Moisés, faz uma teologia na qual, o povo hebreu adora e é testemunha de um Deus que não pode ser feito pelas mãos humanas, não tem imagem terrena nem forma humana e é severo com seus inimigos. É desse monoteísmo que também, os cristãos se fizeram herdeiros.

sábado, 19 de outubro de 2013

Escola Bíblica - Os dons espirituais em 1 Coríntios 12 - 14

Apontamentos para escolas bíblicas

1. Qualquer assunto, tema bíblico, ensinamento deve levar em conta o tipo de cristão que frequenta a comunidade local. O Novo Testamento apresenta dois tipos de cristãos:
- IGNORANTES - são aqueles que não se desenvolveram intelectualmente na fé, foram para as igrejas depois da conversão e jamais se dedicaram a ler e estudar a Bíblia, vão para os cultos como tradição e voltam para suas casas do mesmo jeito. Como diz o autor de Hebreus "deviam ser mestres pelo tempo decorrido" (Hebreus 5.12), sabem o basiquinho da fé cristã ou de suas igrejas. Sãos os crentes infantis e carnais (Hebreus 5.13). Muitos, inclusive, não conseguem entender e se confundem com assuntos mais profundos da fé (Hebreus 5.14). Paulo já tinha trabalhado esse assunto em 1 Coríntios 3, vale a pena você retomar aquela passagem neste momento e neste estudo.
A palavra de Deus é clara - "não quero que sejais ignorantes" - 1 Coríntios 12.1
- Ser ignorante é uma escolha livre de cada cristão. Permanece ignorante quem deseja.
- Como não continuar ignorante? 1) Paulo escreve "sabeis que..." (1 Coríntios 12.2), "vos faço compreender..." (1 Coríntios 12.3).
- Saber, compreender é usar a razão, a inteligência, a mente, para exercitar melhores conhecimentos. Romanos 12.1-4.
- Um cristão considera equivocada a onda anti-intelectualista de algumas igrejas que desprezam os estudos aprofundados, sistemáticos das Escrituras. É falsa e perigosa a atitude de maioria dos crentes em não estudar, tanto quanto se contentar com as migalhas espirituais fornecidas nos púlpitos fracos das denominações ou na substituição do ensino profundo da Bíblia pelo milagrismo.

- APERFEIÇOADOS - Paulo fala melhor deles em Efésios 4.11-16. Evidentemente, os cristãos aperfeiçoados não são ignorantes, estudam profunda e permanentemente a Bíblia com inteligência. Tem dúvidas, buscam respostas, são pesquisadores e correm atrás de todo recurso para melhor aprenderem a Palavra de Deus em todos os aspectos.
São crentes que se DESEMPENHAM, EDIFICAM-SE, procuram o PLENO CONHECIMENTO, estautura PLENA, ESTÁVEIS NA FÉ, EDIFICADOS.

2. A prática dos dons espirituais nas comunidades cristãs: 1 Coríntios 12.4-11,28-30

- Os dons espirituais mencionados nas cartas (1 Coríntios, Romanos, Efésios) se referem aos dias do apóstolo. Não devem os cristãos se considerarem fracassados por não falarem em outras línguas, não profetizarem ou não realizarem milagres. A maioria daqueles dons cessaram com o amadurecimento do cristianismo ao longo da história da Igreja Cristã, da mesma forma como ao chegarmos à idade adulta não precisamos mais de leite, sopinha e mingau. Os dons espirituais em nossos dias são outros e devemos estar atentos a descobrí-los quanto a exercer aquilo que mais nossa comunidade necessita.

- Deus deseja que os crentes sejam ativos, tenham personalidade própria, disposição para participar do próprio crescimento e dos irmãos, independentes espiritual e emocionalmente. A passividade é uma obra diabólica, carnal e humana.

- Todo cristão possue dom espiritual. Resta descobrir e trabalhar seu aperfeiçoamento. Exercê-los na pluralidade, diversidade para a unidade. O exercício dos dons devem promover a COOPERAÇÃO.

- Os dons são temporários (1 Coríntios 13.8-13) e não são evidências de vida cristã agradável e saudável a Deus.

3. Critérios para exercitar os dons - 1 Coríntios 14.1-22

- Esse dom EDIFICA a comunidade?
- Amadurece o meu conhecimento intelectual e minha fé? 1 Coríntios 14.6,11,12
- Possibilita ensino com clareza, compreensão por parte dos que ouvem?
- Não dá sinal trocado para a comunidade? 1 Coríntios 14.7
- É o dom que a comunidade local precisa? 1 Coríntios 14.21-22