quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Estudos bíblicos em Mateus 2.13-18 - Manifestações miraculosas como fonte de fé

Estudamos a passagem de Mateus 2.13-18 - A fuga da sagrada família para o Egito. É bom prestar atenção na teologia de Mateus e trabalha-la com os participantes da comunidade que você ensina ou pastoreia.

1. Teologia do capítulo
A. Fontes da revelação cristã-judaica.
- Mateus trabalha com o modo judeu de revelação: sonhos e aparições miraculosas
- O que Mateus chama de "divina revelação" nada tem a ver com o que os pastores pentecostais chamam de "orar por divina revelação" na qual supostamente revelam doenças e doentes. Divina revelação aqui é a de novos ensinamentos, verdades, algo em torno do que os espiritualistas chamam de vidência. Os reis magos foram avisados por divina revelação para fugir para o Egito e não para serem curados de alguma enfermidade. Esse tipo de revelação foi sempre desconhecido dos autores da Bíblia e representa uma afirmação perigosa em nossos dias, capaz de levar as pessoas a se submeter aos pastores autoritários legitimando as mais variadas doutrinas por mais absurdas que sejam.
- Podemos nos perguntar se Deus ainda se manifesta para nos ensinar verdades, aprimorar nossa fé, nos fazer crescer no conhecimento, através de sonhos. Devemos incentivar que nossos irmãos contem seus sonhos na comunidade? Fazerem pregações expositivas sobre seus sonhos?
- Por que algumas igrejas não aceitam os sonhos como fonte de autoridade da fé cristã.
- Qual o papel das visões no ensinamento cristão. Quais igrejas e movimentos começaram através das visões de seus líderes, quais os acertos destas e os erros?
- Sonhos, visões, a Bíblia, qual a diferença entre estas? Deus continua, visto que Deus é o mesmo ontem, hoje e eternamente? Então como explicar Hebreus 1:1-3?

2. Oportunidade para debater a atualidade ou o encerramento das manifestações espirituais nos cultos cristãos como na igreja primitiva. Será que a presença de tais sinais nos cultos seriam a prova de fidelidade dos cristãos modernos às suas origens cristãs ou sinais da presença de Deus nos ministérios presentes? Precisamos ainda dos dons espirituais? Será que o conteúdo dos ensinamentos do Novo Testamento ou conhecimentos que se aperfeiçoaram no decorrer dos tempos não substituíram e muito melhor as práticas espiritualistas dos primeiros cristãos?

3. O que contribui para a comunidade, para o próprio indivíduo, tanta coisa chamada de dom de línguas, profecia, curas e por que outros dons não são enfatizados nas manifestações? Todas estas coisas não pertencem ao desenvolvimento da igreja cristã, que nasceu, foi adolescente e finalmente encontra-se em estado de maturidade, com melhores recursos para ensinar e praticar a verdade cristã?
1 Coríntios 13:8-13.

4. Mateus fala de sonhos, visões, manifestações, porque está num ambiente judeu e estes gostam de sinais (1 Coríntios 1:18-21).



terça-feira, 28 de outubro de 2014

Estudos Bíblico-Teológicos em Mateus 2:1-12

Introdução

Mateus é um escritor judaizante. Pertencia ao ramo palestiniano da fé cristã que se opunha aos ensinamentos do apóstolo Paulo e estava mais ou menos alinhado com os ensinamentos do apóstolo Tiago.


Nascimento de Jesus e as relações inter-religiosas
1. O evangelista considerou importante que líderes de religiões orientais, não judaicas, não cristãs tivessem vindo adorar, prestar respeito e admiração a um líder de uma facção judaica, fundador de outro segmento religioso.
Isso soa estranho e por isso o assunto não está abordado com profundidade em nossas faculdades e púlpitos. É um relato que coloca o fundamentalismo de cabeça para baixo, pois afinal, a adoração a Deus e a Sua mensagem não são propriedades de determinados grupos denominacionais. Alguns passos foram dados mas encontram dificuldades ante o pedantismo teológico, ao registro pessoal de posse da verdade, por grupos, mas as igrejas cristãs, já conseguem, vagarmente, conversar entre si, nas associações de ministros cristãos. Nosso problema maior continuará no diálogo entre religiões cristãs e não cristãs.
Estaríamos diante do quadro da missão universalista de Jesus Cristo. Que bem pode assumir formas de revelação diferentes das nossas em outras culturas. Vale aqui um retorno ao pensamento de Russell Norman Champlin. Ou estaria Mateus querendo nos transmitir uma idéia de superioridade da cultura e da teologia judaica em relação às de outros povos e cultura?

2. Herodes a realeza de aparência
Herodes se apavorou ao ouvir a denominação de "Rei dos judeus" pelos magos e pelo povo simples da Judéia. Ele se considerava rei.
Seu título era uma gentileza concedida pelo Imperador Romano. Na prática, Herodes não era rei, mas vassalo de Roma. Era um judeu que vendera sua nacionalidade em troca de vantagens políticas, na linguagem moderna, um entreguista. Os nossos pastores poderiam proceder uma investigação histórica desse personagem para transmitir aos seus ouvintes as características de sua personalidade e trazê-las para o terreno da nossa prática de cidadania em nosso país.
A) Perfil de Herodes na perspectiva muçulmana:
1. Gostava de ser chamado "o Grande";
2. Reinou durante 33 anos;
3. Homem cruel e presunçoso;
4. Dava pouca ou nenhuma importância a fé dos judeus;
5. Tinha um ciúme enorme de Salomão que chegou a "reconstruir um templo em Jerusalém" e deu o nome de "Templo de Salomão"; qualquer semelhança é mera coincidência.
6. Tinha mania de perseguição; Mandou assassinar o próprio filho por ciúme do amor que o povo lhe tinha; Mandou matar a própria esposa suspeitando de traição.
(http://www.rmesquita.com.br/herodes.htm)

7. O historiador Josefo registra sua morte - "“uma coceira intolerável em toda a pele, contínuas dores nos intestinos, tumores nos pés, como na hidropisia, inflamação do abdômen e gangrena nos órgãos genitais, resultando em vermes, além de asma, com grande dificuldade de respiração, e convulsões em todos os membros”. (“A guerra dos judeus”, I, 656, XXXIII, 5)." - http://cienciaconfirmaigreja.blogspot.com.br/2008/12/enquanto-os-santos-inocentes-reinam-no.html.

3. Religião na hora do apuro
Herodes dava a mínima para as religiões, nem para a sua que seria natural, o judaísmo. Mas nesta hora de crise, perigo de perder o poder, valeria escutar lideranças religiosas e converter seus ensinamentos a seu favor.
Em nossos dias as coisas não são diferentes. Nem precisam os políticos chamar os nossos modernos pastores, que se auto intitularam assim, estes próprios vão procura-los e oferecer seus serviços teológicos para as classes políticas, especialmente, aquelas que vivem da exploração da miséria alheia.

4. A importância dos sonhos para o nosso desenvolvimento espiritual
Os fundamentalistas em nome da suficiência das Escrituras em matéria de fé, desprezam totalmente os sonhos como uma das formas de que as forças superiores se comuniquem com a nossa alma. Creem eles que o encerramento do Canon Sagrado deu-se com a conclusão do livro do Apocalipse e que Deus encerrou qualquer outra forma de revelação.
Os pentecostais deram importância exagerada aos sonhos e transformaram seus individuais em motivo para fundação de centenas de novas denominações, atacando-se umas às outras.

Qual o lugar dos sonhos no equilíbrio da nossa personalidade? Que dizem as diferentes correntes da Psicologia e do pensamento científico? Precisamos retomar esse assunto, com maturidade, aprofundamento em nossas comunidades. Os sonhos são matérias importantes e o sonho de toda a comunidade, desde que voluntariamente, devem ser debatidos para a saúde mental e intelectual dos que assistem os cultos. Transformá-los na justificativa de atitudes desordenadas e doentias de falsos pastores é a mesma coisa que desprezá-las como forma de que Deus fale conosco no cotidiano ou limitar a atuação de Deus sem Seu consentimento.







Igrejas sem sentido algum

Alguns acontecimentos sociais e políticos que afetaram as igrejas evangélicas no Brasil e que as tsornaram obsoletas, inúteis e improdutivas para a vida das pessoas. Por essas características não compensa mais frequentá-las.

1. Igrejas compostas por membros analfabetos funcionais. Os crentes são batizados cedo demais, sem compreenderem as implicações de se dizer "evangélico e membro daquela denominação". A maioria dos membros de uma igreja não sabem porque pertencem a ela e não as outras igrejas. Os membros analfabetos funcionais são membros das igrejas por tradição, vieram de pais que eram evangélicos ou seguem, fanaticamente, o que ensinam seus pastores sem qualquer reflexão crítica, questionamento ou aprofundamento. Em geral, os evangélicos falam muito na Bíblia, mas não a lêem e estudar muito menos. A Bíblia nos lares dos evangélicos é um objeto esotérico, supersticioso, que se acredita dar sorte pelo simples fato de se colocar na cabeceira da cama. Mas vejamos o que é um analfabeto funcional e como ele se aplica aos evangélicos. "Termo que se refere ao tipo de instrução em que a pessoa sabe ler e escrever mas é incapaz de interpretar o que lê e de usar a leitura e a escrita em atividades cotidianas. Ou seja, o analfabeto funcional não consegue extrair sentido das palavras nem colocar idéias no papel por meio do sistema de escrita, como acontece com quem realmente foi alfabetizado" (http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=132).
As igrejas não incentivam a leitura nem possuem bibliotecas, escolas de formação básica ou institutos de estudos bíblicos com seriedade. A responsabilidade pelo caos na educação cristã e sistemática dos crentes se deve a eles próprios. Possuem os pastores que merecem. Escolhem homens e mulheres que não são devotados aos estudos, que não amam a leitura e a pesquisa. Seus pastores são homens e mulheres acomodados, sabem que mesmo jogando palavras ao vento, os membros, como ovelhas dóceis, não reclamarão.
Pensemos numa situação como a que experimentou Felipe quando viajava e encontrou o servo da Rainha de Candace. Em Atos 8.27 o diácono Felipe perguntou se o empregado da Rainha entendia o que lia. Como não entendia passou a explicar. Qual dos membros de nossas igrejas está em condições de explicar as passagens bíblicas, eles não as leram, não as estudaram. Vão dizer o que?
Algumas igrejas são essencialmente contrárias ao estudo e a leitura da Bíblia, embora tenham a façanha de se dizer cristãs. São as responsáveis pela Idade Média dos cristãos, pois embutido nessa satânica campanha, incentivam o analfabetismo em todos os níveis da vida humana. Mas estas não estão diferentes das igrejas que mantém enganosas faculdades de teologia. Nestas, as disciplinas são abordadas apenas como decoreba e encaixe de passagens bíblicas sem contexto, sem história, desconhecendo os caminhos da formação do canon sagrado, da cultura religiosa, como se num passe de mágica a Bíblia tivesse caído do céu. Ao ignorar a Bíblia na ação humana, como livro produzido, discutido, selecionado por homens e com critérios humanos, tornam a Bíblia um livro mágico e com portas abertas para todo o tipo de diversionismo teológico.
As denominações, as igrejas, pastores deveriam promover campanhas de alfabetização de adultos, incentivo de prosseguimento de escolarização dos fiéis, apoio aos estudos nos níveis de educação básica a pos-graduação. Precisamos de fé qualificada e não de burrice louvada como se fosse temor de Deus.

Pastores sem sólida formação acadêmica e literária.