domingo, 17 de novembro de 2013

Epístola aos Efésios: teologia da paternidade de Deus

A paternidade de Deus - Efésios 1.1-14


1. Deus é apresentado no Antigo Testamento como juiz, castigador, vingador, que pune sem misericórdia quem transgride suas leis. Gênesis 19.24-25; Jeremias 11.22; Apocalipse 2.18-23;

2. Tomás de Aquino opinava que ""A vingança se consuma quando se inflige ao pecador um mal de pena. Por conseguinte, na vingança deve-se levar em conta o ânimo daquele que a exerce. Porque se a intenção dele recai principalmente sobre o mal daquele de quem se está vingando, e nisto se compraz, então isto é absolutamente ilícito, porque o fato de se comprazer com o mal de outrem é da ordem do ódio, que repugna à caridade, pela qual devemos amar todos os homens. E ninguém se desculpa alegando querer o mal daquele que injustamente lhe fez mal; da mesma forma que ninguém se desculpa de odiar aqueles que o odeiam." (Suma Teológica II-II, q. 108, a. 1)" - citada por padre Paulo Ricardo;

3. A idéia de que Deus é mais amor que vingança está presente em Marcião, no espiritismo, na teologia modernista, no pensamento de Russell Norman Champlin, teólogo brasileiro e é também a opinião do autor destas notas;

4. Paulo apresenta o mesmo Deus do Antigo Testamento como um fantástico pai amoroso. Os judeus e a cultura greco-romana davam pouco valor ao papel da mulher, consequentemente da mãe. Se os escritores bíblicos vivessem em nossos dias falariam do papel maternal de Deus, sem qualquer problema.

5. Deus é pai de Jesus Cristo. Deus é pai de todos os que crêem na mensagem de Jesus Cristo. Paulo tem uma descrição próxima de João (João 1.12-13).

6. Deus é um pai que abençoa, escolhe, elege, derrama graça, proporciona paz, revela mistérios seus aos seus filhos, redime, predestina, glorifica. Comparemos esta passagem com Romanos 8.27 a 39, cuja leitura pausada merece ser feita em nossos púlpitos.

Questões de debate propostas aos alunos:

Paulo não apresenta uma teologia trinitariana nestas passagens. Jesus Cristo é apresentado como Filho de Deus Pai, consequentemente, duas pessoas são destacadas pelo apóstolo. O bom professor de Bíblia pode aproveitar a oportunidade para debater as teses do unitarismo ariano, unicismo sabeliano, trinitarianismo de Tertuliano.

E o Espírito Santo como fica nestas passagens? Em Efésios 1.13 pode se referir a ele ou o texto tem outra significação?.

domingo, 3 de novembro de 2013

Escola Bíblica - Estudos em 1 Coríntios 12.28-31 - Dons espirituais

"E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro mestres, depois operadores de milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas. 
29 Porventura são todos apóstolos? são todos profetas? são todos mestres? são todos operadores de milagres?   
30 Todos têm dons de curar? falam todos em línguas? interpretam todos?   
31 Mas procurai com zelo os maiores dons. Ademais, eu vos mostrarei um caminho sobremodo excelente"

Os neopentecostais jamais farão milagres como fizeram Jesus Cristo e os apóstolos. Suas curas correspondiam a doenças incuráveis. Não chamavam para grandes concentrações de milagres e mágicas os enfermos, eles iam nos lugares onde estavam acamados os doentes. Não recebiam nenhum centavo pelos milagres operados, mesmo em nome de sustentar algum tipo de ministério.

A discussão sobre a continuidade ou não dos dons espirituais está vazia e não penetra no cerne do problema e da importância dos dons. Alguns crêem que os dons ocorrem expecionalmente. Entre estes intérpretes estão Israel Carlos Biork e Donald Turner, ambos teólogos de grande projeção entre os fundamentalistas. Evidentemente os continuadores do movimento carismático defendem que os dons estão se repetindo e ainda crêem que aquilo que ocorre em suas igrejas são as mesmas manifestações dos tempos primitivos. Os cessacionistas, como McArthur, George Wells, grande parte das igrejas evangélicas fundamentalistas, crêem que os dons miraculosos pertenceram ao tempo de afirmação evangélica no nascedouro da Igreja e cessaram quando o canon das Escrituras foi concluído. Os ultradispensacionalistas defendem que os dons imperaram enquanto havia uma dispensação judaica, uma igreja judaica, que era ainda "o Mistério" revelado a Paulo. A partir de Atos 13 ou 28 cessaram os dons espirituais todos.

Quem tem uma posição interessante, bíblica e coerente, é o Dr. Russell Norman Champlin, autor dos comentários melhores em língua portuguesa do Antigo e do Novo Testamento. Ele afirma a continuidade dos dons espirituais, mas não no estilo e prática do Novo Testamento, conforme a evolução histórica da cultura e dos costumes. Champlin também tem dúvidas quanto a qualidade espiritual das manifestações do movimento carismático. Que o estudante das Escrituras veja seus comentários com relação a passagem que estudamos.

Afirmar que os dons cessaram não significa que Deus deixou de operacionalizar milagres e curas divina expectaculares. Temos que admitir que a operação de maravilhas nunca foi a razão de ser e o sentido da pregação dos primeiros cristãos. Os sinais seguiam a mensagem, mas não eram a mensagem. A ênfase e a preocupação dos pregadores não estava nos sinais, mas na mensagem de arrependimento do Cristianismo. Elas eram meros sinais. Marcos 16.17-18; 1 Coríntios 1.22.

Os modernos pentecostais inverteram a ordem das coisas. Veja como Paulo ordena os dons espirituais. (1) Apóstolos, isto é, missionários, fundadores de igrejas, evangelistas inter continentais. (2) Profetas, homens especializados e ocupados em transmitir a revelação da Palavra de Deus, fazendo-a entendida e compreendida pela igreja local. O dom da profecia em nossos dias está na produção de estudos bíblicos, pesquisas sobre as Escrituras, nos raros mestres que as igrejas possuem. (3) Mestres, cuja explicação de suas funções está em Efésios 4.11-17 e Hebreus 5.12 a 6.10. Lamentavelmente, este dom falta em nossas igrejas e nem mesmo pastores formados em faculdades de teologia e seminários o possuem. A falta deste dom resulta na baixa qualidade e na contradição entre o que nossos membros dizem ser e o que fazem. A maioria dos cristãos não alcança maturidade e desenvolvimento, crentes envelhecem assistindo cultos sem aprofundar o conhecimento em verdades profundas das Escrituras. (4) Variedade de línguas. A expressão fala por si. Aqui não se refere, como diz Russell Champlin, aos balbucios comuns nos cultos carismáticos.

sábado, 2 de novembro de 2013

Epístolas aos efésios: a biografia da liderança religiosa

Como seria ou será a biografia dos religiosos em geral? Que exemplos deixam ou deixam de dar?
Os líderes modernos criaram palavras sensacionais para se auto-definirem, papas, cardeais, apóstolos, profetas, maiores pregadores de cura divina. O que fizeram com suas vidas em relação ao Evangelho, ao nome de Deus, a imagem pública de Jesus Cristo, se não construindo impérios empresariais para suas famílias. A maioria deles são proprietários de emissoras de rádio e televisão, editoras, planos de saúde. Junto com suas pregações é preciso proceder a venda de produtos de suas lojas eclesiásticas. Quando morrerem seus bens e suas igrejas se transformarão em questão de herança para os filhos e parentes. A maioria dos objetos que vendem em seus templos são produtos esotéricos que objetivam reforçar o caixa de tais denominações.
Suas pregações e suas aparições nos meios de comunicação não são para ensinar ao povo o conteúdo das Escrituras, porque estas eles nem chegam a ler e estudar. O que fazem é a publicidade de suas empresas denominacionais e promover a guerra contra as concorrentes. (2 Timóteo 3.14-17; Efésios 4.11-17). Muita gente religiosa que se auto enviou ao povo para domesticá-lo. Quase nenhum enviado por Deus.
São pastores avarentos, gananciosos, que tem suas casas sob forte esquema de segurança, porque o seu deus é o dinheiro.
Quantos pastores deixaram de constar em suas biografias a marca de homens que gastaram horas estudanto, lendo, pesquisando a/sobre a Palavra de Deus, se preparando como obreiros responsáveis.
Quantas gerações de cristãos que desprezam, não lêem ou estudam a Bíblia, dada a má atuação dos pastores nos púlpitos, que costumam dar água com açúcar para cristãos que deveriam estar amadurecidos. Hebreus 5.12-6.10.
Que diremos dos pastores que não visitaram enfermos, doentes mentais, cristãos enfraquecidos? Dos que se preocupam apenas com as coletas de ofertas e dízimos?

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Epístola aos efésios: a biografia de um cristão - Parte 1

[Homenagem à memória do historiador e teólogo Francisco de Araújo Almeida, que algum dia sonhou escrever comigo, um comentário popular sobre a Carta de Paulo aos Efésios]
 Como será a sua biografia, cristão! – Capítulo 1 - "Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus..."
Um dos mais eficazes métodos de ensinar e aprender na escola são as biografias. Elas fixam na mente e no comportamento das pessoas os feitos mais importantes e dignos de serem destacados de personagens históricos nas mais variadas áreas do conhecimento e necessidades humanas. Sem razão, as biografias andam meio em desuso. Se pensarmos nos atuais políticos até que suas biografias não são maravilhosas e não é atoa que o método ande em desuso. 
Poucas são as vidas que merecem uma biografia, as pessoas que ainda vivas tem um catálogo de boas realizações, obras memoráveis que servem de estímulo para as gerações. Alguns só tem suas biografias depois que morrem. Outros quando vivos não são valorizados, depois de falecidos, sua vida é inventariada e sua dignidade é colocada em evidências ou não.

Como o autor da carta se apresenta aos cristãos que se congregavam na cidade romana de Éfeso? Ele formula seu currículo em breves palavras, poucas linhas. Que biografia você construiu para seus familiares, alunos, clientes, discípulos, alunos, orientados, vizinhos, amigos, para seu país, sua cultura, seu sistema político? Que exemplos deixa? Como pautou sua conduta, seus valores morais?

A biografia de Paulo podia ser resumida em contundentes palavras – “Paulo, apóstolo de Cristo Jesus por vontade de Deus“. Você é daqueles que precisa de muito papo, muitas palavras, adjetivos faltam, para lhe descrever, e no final de contas, na existência humana significa nada? Ou dos que no pouco a dizer tem virtudes e qualificativos dos maiores?  O que seria naquele tempo ser chamado de “apóstolo”?  Uma pessoa que não tinha moradia fixa, não era dona de seu destino, não sabia onde dormir, fazendo o bem e sendo julgada como do mal, anunciadora de esperança a pessoas perdidas e sofredoras, mensageiras do amor, da compreensão, da solidariedade, da compreensão entre as pessoas.

Que biografia de moral você deixa para seus filhos e conhecidos?
Respeito aos seus pais?
Zeloso cuidador dos filhos?
Pessoa estudiosa? Que lê e se informa melhor sempre?
Funcionário exemplar, assíduo, pontual, prestativo e atencioso?
Que mereceu o salário que recebeu?
Pessoa que pratica a caridade (Mateus 25.31-46; Tiago 2)
Solidária com o sofrimento alheio, capaz de ouvir, dar uma mão a quem precisa?
Que não usa seu dinheiro apenas para si?
Que ajuda a construir e tornar realidade o sonho das outras pessoas?
Pessoa otimista que caminha para frente vencendo dificuldades?
De pessoa que procurou sempre se informar e se formar, estudar, ler e participar da vida cultural, social, espiritual e política da sua comunidade?
Que escolhe sempre aquilo que escuta e vê?
Fidelidade, sinceridade, honestidade?
A sua biografia e os dez mandamentos? E a declaração universal dos direitos do homem?